segunda-feira, 17 de outubro de 2011

REFLEXÃO CRÍTICA RELATIVA À PEDAGOGIA DO ELEARNING

As Teorias de Aprendizagem mais frequentemente utilizadas no contexto pedagógico (Behaviorismo, Cognitivismo e Constructivismo) surgiram antes do “nascimento” do Ensino a Distância. Evidentemente que estas teorias nascidas num outro contexto histórico sem ter em conta as novas tecnologias na altura inexistentes, podem estar algo desajustadas à nova realidade, por outro lado, podem ser ajustadas a um modelo de ensino mais específico, nomeadamente, EaD.

A Teoria Behaviorista está associada à psicologia do comportamento, ao passo que o Cognitivismo e o Constructivismo (uma evolução do Cognitivismo) enquadram-se na psicologia cognitiva.

O Behaviorismo é uma teoria da aprendizagem que se centra em comportamentos observáveis e ignora as actividades mentais dos alunos. Os behavioristas definem aprendizagem como a aquisição de novos comportamentos e defendem que certas respostas podem ser condicionadas reforçando o comportamento desejado com um estímulo. O comportamento é uma resposta mecânica à sujeição de estímulos, ou seja, a aprendizagem é determinada pelo meio ambiente e o ser humano adapta-se às circunstâncias do meio. A aprendizagem processa-se através da repetição, ou seja, um dado modelo de comportamento é repetido até que o mesmo se torne automático.

Contrariamente ao Behaviorismo, os Cognitivistas interessaram-se por descobrir o que se passa “dentro” do cérebro humano e modelar os processos mentais que ocorrem durante a aprendizagem. Segundo os Cognitivistas, à semelhança do computador, a mente humana é um processador de informação, isto é, recebe, interpreta, armazena e recupera ou utiliza informação quando necessita dela. Outro aspecto importante associado ao Cognitivismo, derivado da teoria cognitiva de Piaget, é o respeito pelo estádio de desenvolvimento intelectual dos alunos, garantindo que as estruturas cognitivas destes estão preparadas para a aquisição de novos conhecimentos. Embora para a Teoria Cognitivista os processos mentais que ocorrem no aprendiz sejam o objecto de estudo principal, o conhecimento continua a ser visto como dado e absoluto, tal como acontece com o Behavirorismo

O Construtivismo apresenta uma visão do conhecimento diferente da visão exposta pelo Behaviorismo e pelo Cognitivismo. Para o Construtivismo a aprendizagem é uma construção mental em que o aluno constrói activamente o próprio conhecimento. Em vez de absorver simplesmente as ideias transmitidas pelo professor ou resultantes da prática repetitiva, o aluno é colocado a criar e a desenvolver as próprias ideias. A essência do construtivismo é, pois, construir o seu próprio conhecimento, o qual é visto como relativo (nada é absoluto, varia de pessoa para pessoa).

Os modelos pedagógicos tradicionais, normalmente designados por Modelos Centrados no Professor/Tutor/Formador enquadram-se nas Teorias de Aprendizagem do Behaviorismo e Cognitivismo. A aprendizagem é um acto passivo e define-se como uma mera transferência de informação do professor para o aluno, recorrendo à utilização de métodos expositivos. O aluno comporta-se de forma absolutamente passiva, enquanto que o professor possui todo o controlo sobre o processo de formação e, muitas vezes, sobre o próprio ritmo da aprendizagem.

Inicialmente o EaD caracterizou-se por níveis baixos de interacção, centrando-se essencialmente na interacção entre o estudante e o conteúdo, pois os recursos utilizados (textos didácticos, ensino por correspondência, cassetes, vídeos, CDs, televisão) somente permitiam uma aprendizagem transmissiva/passiva e focada no ensino individualizado.

Por outro lado, nos Modelos Pedagógicos Centrados no Aluno, toda a informação recebida é submetida a um processo de interpretação, conducente à construção de novas formas de conhecimento. O aluno aprende ao seu próprio ritmo, interpretando os factos com base na sua experiência pessoal. O professor actua como um facilitador e orientador do processo de aprendizagem, proporcionando meios para o desenvolvimento de novas competências nos alunos. Este modelo pedagógico enquadra-se com o conceito de aprendizagem Construtivista.

Actualmente, as TIC utilizadas no contexto educacional permitem a interacção entre professor e, não só, também entre aluno-aluno, criando-se comunidades de aprendizagem. Efectivamente, o Tutor do Ensino Online pode garantir uma atmosfera conversacional com os alunos, dando feedback através de vários meios, como por exemplo, teleconferência, chats, fóruns, correio electrónico, Soodle, etc. Por exemplo, inerente à realização de uma determinada tarefa proposta pelo professor, os alunos também são incentivados a participarem em Fóruns de discussão assíncrona ou outras ferramentas de comunicação que promovam a partilha de informação entre alunos, a melhoria do relacionamento pedagógico entre professor e alunos e desenvolvam estratégias de aprendizagem colaborativa.

Já o Modelo Pedagógico Centrado no Grupo reflecte os princípios do Construtivismo Social, pois baseia-se na implementação de ambientes de trabalho colaborativo, nos quais o conhecimento é construído com base na interacção entre todos os elementos do grupo de trabalho (geralmente pequenos grupos de trabalho). Este modelo tende a ser adoptado progressivamente pelas mais variadas instituições de ensino e formação a distância, pois permite o desenvolvimento nos de uma maior criatividade, uma maior atitude crítica, fortalecimento do espírito de grupo e desenvolvimento das capacidades de comunicação interpessoal.

Na escolha do modelo pedagógico é importante garantir aquele que melhor corresponde aos objectivos educacionais estabelecidos e o tipo de interacção que o professor pretende desenvolver com os alunos. Indubitavelmente que a aprendizagem online deverá ser apoiada em comunidades virtuais que se caracterizam pelo desenvolvimento do processo de participação, envolvimento e reflexão entre os pares.

A moderna educação à distância (EaD) deu os primeiros passos em 1963 (Perraton, 2007). Nesse mesmo ano, o National Extension Institute foi criado no Reino Unido, como um modelo para uma universidade aberta, dando origem ao princípio de que educação deve e pode ser acessível a todos. Este sistema de ensino caracteriza-se pela sua acessibilidade e flexibilidade, de forma a eliminar os obstáculos causados por determinadas restrições, como por exemplo, a idade, a localização geográfica, constrangimentos de tempo e a situação económica (Bates, 1995). O ensino aberto e à distância é, por conseguinte, um sistema que combina a metodologia de ensino à distância com ensino aberto.

Peters, Moore, Wedemeyer e Holmberg, foram quatro teóricos do século XX, que lançaram as bases conceptuais do Ensino a Distância. Todos estes autores trouxeram uma nova abordagem do ensino a distância, introduzindo uma perspectiva pedagógica, até aqui ausente neste modelo de ensino e focando em aspectos, tais como, a educação mediada, os respectivos veículos de difusão, valorização da comunicação e do papel autónomo do estudante.

Em 1967, Peters defendeu a Teoria da Industrialização ao sugerir que o Ensino a Distância era um produto da sociedade industrial. O processo de EaD baseava-se na utilização de uma aprendizagem pré-concebida/pré-produzida. O desenvolvimento do EaD tem sido dominado pela filosofia de um método pedagógico que usa materiais estandardizados pré-produzidos, com o objectivo de abarcar uma economia de larga escala. Na verdade, em muitos países o acesso à educação constituiu o principal impulso para que adoptassem este sistema de ensino (Garrison, 1993). Tendo por base o paradigma de acesso à educação, o EaD tem sido considerado como um tipo de ensino “industrializado”. Todavia, esta metodologia representa um paradigma que foca o acesso à educação, bem como, a necessidade de independência por parte do estudante.

Moore (1993) desenvolveu uma teoria composta por duas dimensões, ou seja, a Distância Transaccional e a autonomia do aprendiz e defendia que com a pré-concepção/pré-produção dos materiais didácticos, os estudantes usufruíam de plena autonomia para conduzir o seu processo de aprendizagem. Moore sustenta que embora o Ensino a Distância possa ser explicado em termos dos conceitos específicos do ensino convencional, é a característica da distância transaccional que determina a necessidade de uma teoria específica para esta área. Para Moore a distância transaccional é uma função de duas variáveis: diálogo e estrutura. O diálogo está relacionado com a capacidade de comunicação entre o mestre e o aprendiz, enquanto que a estrutura é uma medida da resposta de um programa às necessidades individuais do aprendiz. Por exemplo, um programa que apenas disponibiliza materiais impressos carece de diálogo. A outra dimensão da teoria de Moore tem a ver com a aprendizagem autónoma. Relaciona-se com a primeira dimensão na medida em que quanto maior for a distância transaccional maior é a autonomia de actuação do aprendiz (Moore 1991). Moore considera que a autonomia surge como consequência do processo de maturidade do indivíduo e que os programas de Ensino a Distância, devido à sua estrutura, requerem aprendizes com comportamentos autónomos de modo a conseguirem concluir com sucesso esses mesmos programas. As noções de Moore sobre a quantidade de diálogo, estrutura e autonomia do aprendiz contribuíram para o aparecimento posterior de outras contribuições teóricas (Garrison, Verduin e Clark). No entanto, muitos aspectos da teoria de Moore sobre a autonomia do aprendiz foram criticados (Keegan 1986) por não estarem devidamente justificados.

A Teoria do Estudo Independente sustentada por Wedemeyer (1981) apresenta influências de Moore (conceito de autonomia do aluno) e caracteriza-se por uma aprendizagem individualizada e auto-dirigida, pela auto-determinação de tarefas e actividades, pela distância e independência do aluno relativamente à autoridade educacional e pela liberdade de escolha (levada ao extremos da escolha entre estudar ou não estudar). Wedemeyer defende que todos devem ter acesso à educação e a sua teoria nasce com o intuito de satisfazer a necessidade de proliferação da educação às camadas mais desfavorecidas que não tinha condições de acesso ao ensino tradicional (em sala de aulas). Wedemeyr foi um grande impulsionar do EaD e destacou quatro elementos essenciais para que se processe a aprendizagem: o professor, o aluno, os conteúdos a serem ensinados e aprendidos e um modo de comunicação entre professor e aluno. É o próprio aluno que estabelece o seu ritmo de aprendizagem e o seu ritmo de execução das tarefas. A convicção de Wedemeyer de que o estudo independente era o único caminho possível levou-o, já em 1965, a prever o e-learning de hoje: "... O aluno do futuro provavelmente não irá "assistir" a aulas, mas sim, as oportunidades …Ele vai aprender em casa, no escritório, no trabalho, na fábrica, na loja, em salões de vendas, ou na fazenda. "

A teoria de Holmberg (1983) assenta no conceito de Conversação Didáctica Guiada. Ao contrário de Peters e Moore, Holmberg dedica pouca atenção à análise da estrutura do EaD, concentrando-se mais na interpersonalização do processo de ensino. Holmberg salientou o facto de que, apesar de o EaD ser concebido para o ensino independente, não pode ser realizado sem um sistema de apoio ao ensino, de forma a aferir continuamente o progresso da aprendizagem, bem como, proporcionar encorajamento e aconselhamento ao aluno.

Numa conversa didáctica guiada Holmberg destaca a importância dos seguintes aspectos como facilitadores da aprendizagem:

Elaborar uma apresentação apelativa dos materiais didácticos;

Utilizar uma linguagem fácil de entender;

Fornecer orientações claras sobre o que fazer, o que não fazer, o que observar e explicar porquê;

Criar um ambiente que encoraje os estudantes à discussão dos temas, à colocação de questões e à análise dos materiais disponibilizados;

Motivar os estudantes para que se mantenham interessados na matéria;

Adoptar um estilo pessoal de escrita, nomeadamente, incluir a utilização da primeira pessoa;

Estabelecer uma fronteira clara entre temas e tópicos diferentes.

Keegan (1986,1990) defende que a base teórica para o Ensino a Distância pode ser encontrada nas teorias gerais da educação, se se excluirem os aspectos relacionados com a comunicação oral ou a comunicação de grupos. Keegan defende o EaD é caracterizado pela separação, no tempo e no espaço, dos actos de ensino relativamente aos actos de aprendizagem. No espaço e no tempo, um sistema a distância procura reconstruir o momento em que ocorre a interacção ensino-aprendizagem. Para este autor, a influência dos materiais pedagógicos na aprendizagem assume um papel central neste processo.

Garrison (1985) argumenta que o Ensino a Distância é inseparável da tecnologia, constituindo esta uma base sustentável à sua evolução e desenvolvimento. Garrison considera que o processo de aprendizagem requer interacção com o “mestre”, argumentando que se o “mestre” e o “aprendiz” se encontram separados, é necessário proporcionar-lhes meios de comunicação bidireccionais, utilizando as tecnologias para apoiar o processo educativo. Com efeito, a tecnologia é um dos três factores considerados por Garrison na sua definição de Ensino a Distância (Garrison e Shale 1987). Garrison defende que as práticas inerentes ao Ensino a Distância devem mudar, sugerindo que o aparecimento de novas tecnologias contribuirá decisivamente para esse facto. Também em 1999 Peters afirmou que: “Os métodos de produção, as tecnologias de comunicação, a percepção de problemas e estratégias para solução de problemas actuais, amanhã podem ter sido ser ultrapassadas e consideradas obsoletas”. (Peters, 1999).

Verduin e Clark (1991) propuseram um modelo teórico que assenta nos conceitos de diálogo, estrutura e autonomia da aprendizagem propostos por Moore, bem como, nos atributos da comunicação bidireccional e separação “mestre-aprendiz” propostos por Keegan. A base teórica proposta por Moore é no entanto ampliada por estes autores, definindo três dimensões teóricas específicas:

Primeira dimensão: diálogo/suporte - Consideram que o fundamento principal do diálogo é o suporte ao estudante, o qual pode variar desde simples instruções relativas à execução de determinadas tarefas até uma estruturação mais profunda, contendo uma forte componente de motivação para o estudante.

Segunda dimensão: estrutura/especialização - Para estes autores o conceito de estrutura é inseparável do conceito de competência ou especialização. Eles referem que o grau de competência numa determinada área, especialização, tanto pode ocorrer numa situação de ensino convencional com no Ensino a Distância, resultando essencialmente da experiência do aprendiz, a qual por sua vez, é função do grau de estruturação dos conteúdos. De referir que estes autores foram os primeiros a considerar as implicações dos conteúdos dos cursos.

Terceira dimensão: competência/autonomia - Os autores partem do ponto de vista de Moore sobre a autonomia do aprendiz, extrapolando-a para situações em que o aprendiz se encontra num ambiente de auto-aprendizagem.

A partir da década de 90 do século XX, a adição das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) tornaram possível um modelo de EaD individualizado e interactivo, revolucionando a relação entre o Tutor e o estudante. A abordagem pedagógica no ensino online desenvolveu-se em torno de dois aspectos fundamentais e estreitamente relacionados: a questão da distância e a questão da interacção. Actualmente, as novas possibilidades de comunicação e interacção proporcionadas pela Internet revolucionaram o conjunto da sociedade e as nossas vidas em particular. Da mesma forma, o ensino online caracteriza-se por uma grande riqueza de interacções, não só entre Tutor e estudante, como também estudantes-estudantes. De facto, o processo de aprendizagem é cada vez mais um processo social, criando-se comunidades de aprendizagem, sobretudo ao nível do ensino universitário. Segundo Castells (2001), com o fenómeno da constituição de comunidades virtuais online, assiste-se ao surgimento de novos modelos de interacção social.

Neste enquadramento, o actual paradigma do EaD é caracterizado por uma comunicação bidireccional totalmente eficaz, guiada por três tipos de interacção, isto é, interacção entre estudante - materiais didácticos, interacção entre professor/tutor - estudante, e interacção entre os estudantes entre si (estudante – estudante). O processo unidireccional, ou seja, a apresentação de materiais didácticos impressos, gravados, ou divulgados em formato digital, é complementado com a interacção entre os vários intervenientes deste sistema de ensino.

É importante frisar que o desenvolvimento das novas TICs, permitiu a redução do fosso entre o acto de ensino o processo de aprendizagem, podendo estas ser eficazmente conseguidas em tempo não real (assincronia) e prevê-se que no futuro, o EaD poderá substituir, em praticamente todas as modalidades e matérias de ensino, a relação do professor/aluno inerente ao modelo tradicional, bem como, o ensino presencial, dado que o ensino deixou de ser associado ao espaço físico da sala de aulas.

O desenvolvimento da economia social ao longo das últimas quatro décadas, também modificou os requisitos típicos para o ensino. Enquanto que no seu início, o EaD foi essencialmente um veículo da era industrial para fornecer uma força de trabalho qualificada, já na sociedade pós-industrial o seu objectivo é melhorar a qualidade das vidas humanas. Na era pós-industrial, a educação está focada na auto-realização e satisfação das necessidades pessoais: por exemplo, para melhorar a felicidade e satisfação com a vida (Peters, 1993). A necessidade de educação já não é limitada a uma"idade escolar" em particular, mas diz respeito às necessidades das pessoas ao longo da vida, como podemos constatar no sucesso dos programas de formação profissional contínua. Adicionalmente, o avanço da tecnologia e indústrias de serviços mudou o tipo de competências exigidas no mercado de trabalho (Peters, 1999). Ora, isto resultou numa necessidade crescente de profissionais que beneficiam de educação contínua, pelo que o conceito de EaD foi ampliado a partir de um simples modelo de formação à distância para incorporar a aprendizagem ao longo da vida. O EaD, por conseguinte, pode ser visto como um método apropriado para a concretização de vários objectivos pedagógicos, tais como, aumento das capacidades profissionais, o desenvolvimento de hobbies e a auto-actualização. Mais ainda, nos países em desenvolvimento, o EaD é encarado como um meio que pode proporcionar uma segunda oportunidade para aqueles que não podem beneficiar de um sistema de ensino face-a-face numa instituição de ensino universitário.

No momento actual, encontramo-nos perante um mundo em constante mudança e marcado pelo fenómeno da cibercultura veiculada pela Internet. A Sociedade de Informação debate-se entre a corrida contra o tempo e a optimização de tempos. Na verdade, é impossível acompanhar a quantidade de novos conhecimentos que surgem a uma velocidade nunca vista. Aprender tornou-se um processo contínuo e os novos meios de comunicação e informação revelaram ser úteis na transmissão de conhecimentos. Nenhum ser humano consegue armazenar tanta informação, pelo que é importante saber onde procurar o conhecimento.

No Ensino a Distância é fundamental que as actividades assentem numa base empírica sólida por meio de pesquisas (Holmberg 1987, Moore, 1988). Panda (2000) defende que a prática reflexiva e a construção do espírito crítico constituem os melhores meios para proporcionar um crescimento profissional pelo que os alunos devem ser incentivados a desenvolver competências de investigação. Calvert (1989) observa que é necessário estabelecer uma estreita relação entre a pesquisa e a prática, pois o ensino deverá estar articulado com a sua aplicação prática no contexto profissional. Aliás, só há verdadeira aprendizagem se o aluno for o agente desse processo e não apenas um receptor passivo. O aluno deverá passar por três fases fundamentais: a aquisição da informação, a assimilação dessa informação e a aplicação da mesma em outros contextos (por exemplo transferência dos conhecimentos e competências adquiridos para o contexto laboral).

A partir das considerações de Anderson (2004) é possível identificar seis formas de interacção na Educação a Distância:

· Interacção aluno-aluno - vista como uma exigência na educação à distância, ou seja, a interacção entre pares é crucial para o desenvolvimento de comunidades de aprendizagem, permitindo aos alunos desenvolverem habilidades interpessoais e compartilharem conhecimento como membros de uma comunidade virtual.

· Interacção aluno-professor - é apoiada por uma grande variedade de formatos de aprendizagem, as quais incluem comunicação síncrona e assíncrona.

· Interacção aluno-conteúdo - fornece novas oportunidades ao aluno, incluindo a imersão em ambientes virtuais de aprendizagem, exercícios em laboratórios virtuais, desenvolvimento de conteúdos interativos, entre outras possibilidades.

· Interacção professor-professor - cria a oportunidade de desenvolvimento profissional, incentivando os professores/tutores a tirar vantagem da descoberta de novos conhecimentos e dentro da comunidade académica.

· Interacção professor-conteúdo - o foco desta interacção está na criação de conteúdos e actividades de aprendizagem por parte dos professores, permitindo monitorizar e actualizar continuamente os conteúdos das actividades que criaram para seus alunos.

· Interacção conteúdo-conteúdo - novo modo de interacção educacional no qual o conteúdo está programado para interagir com outras fontes de informação automatizadas, de modo a actualizar-se constantemente a si próprio.

Em resumo, o ensino aberto à distância é um conceito que emergiu dos métodos de ensino por correspondência na sociedade industrial, cujo início se deu por volta de 1833. Desde então o desenvolvimento da pedagogia do EaD procurou responder às exigências da sociedade na era pós-industrial, nomeadamente, as exigências crescentes colocadas pela nova era tecnológica, estando cada vez mais orientado para a auto-realização do indivíduo, o conceito de aprendizagem ao longo da vida e o ensino acessível a todos. A evolução das TICs possibilitou o aumento da interacção no sistema de EaD. A selecção dos tecnologias apropriadas e a concepção dos sistemas de ensino são cruciais na concretização do nível de acessibilidade de um sistema de Ead, de forma a ultrapassar as barreiras temporais e espaciais, bem como, os factores económicos e demográficos.

As tecnologias de informação e comunicação não substituem o Professor, mas modificam algumas das suas funções. O ensino online vem colocar novas exigências e desafios ao Professor do EaD, e o próximo post será precisamente uma reflexão sobre o papel do Professor online (mediador de conteúdos e da aprendizagem).

Referências bibliográficas:

Amundsen, C. (1993): “The Evolution of Theory in Distance Education, in Desmond Keegan (Ed.) Theoretical principles of distance education, Great Britain: Routledge.

Anderson, T. & Dron, J (2011): Three generations of distance education pedagogy. IRRODL. http://www.irrodl.org/index.php/irrodl/article/view/890.
Anderson, T.(2010): Three Generations of Distance Education Pedagogy. IRRODL. [Elluminate Recording, Powerpoint Presentation & MP3 Recording].
http://www.irrodl.org/index.php/irrodl/article/viewArticle/865/1551.

Anderson, T. (2008): The Theory and Practice of Online Learning, AU Press, Athabasca University.

ANDERSON, T. (2004): Toward a Theory of Online Learning. Theory and Practice of Online Learning. Canadá: Athabasca University.

Connole, Grainne (2011): Review of Pedagogical Models And Their Use In Elearning. http://www.slideshare.net/grainne/pedagogical-models-and-their-use-in-elearning-20100304.

Hammond, M (2005): “A Review of the Recent Papers on Online Education within Teaching and Learning in Higher Education” in Journal of Asynchronous Learning

Panda, S. (2000): “Mentoring, Incentives and Rewards in Research as Professional Development”, in Conference on Research in Distance & Adult Learning in Asia, Open University of Hong Kong, June pp. 21-24, 2000.

Pandora Distance Education Guidebook (1st edition, 25-Apr-08): www.pandora-asia.org

Pereira, A.; Mendes, A. Q.; Mota, J. C.; Morgado, L. & Aires, L.L. (2003) “Contributos para uma pedagogia do ensino online pós-graduado: proposta de um modelo”, publicado na revista Discursos, Perspectivas em Educação, nº1, pp.39-53.

UM MUNDO EM MUTAÇÃO

Jean-March Manach defende que proibir o acesso às redes sociais no local de trabalho, seria o mesmo que proibir os telefones nos escritórios há 60 anos atrás. Por outro lado, o autor de vários artigos sobre o desenvolvimento das tecnolo

gias de comunicação e o impacto da Internet na nossa sociedade, de
staca o facto de que a fronteira entre a vida pública e a vida privada é cada vez menor.

Curiosamente as novas tecnologias não se limitam apenas a fazer-nos levar trabalho para casa, mas também permitem que a nossa vida pessoal entre na esfera profissional. Podemos estar no escritório ou mesmo numa reunião profissional e, simultaneamente, optar por comunicar com familiares e amigos através de sms, correio electrónico ou redes sociais. Apesar de algumas empresas não permitirem o acesso aos serviços de chat ou às redes sociais, conversar com os amigos no Facebook durante o horário de expediente é cada vez mais uma prática implementada pela Geração Y (também designada por Geração do Milénio ou Geração da Internet).

Don Peppers e Martha Rogers defendem na sua tese (1), publicada num artigo muito interessante em 2009, “The Societal Benefits of Data Sharing”, que existem benefícios sociais, pessoais e profissionais de partilha de dados pelos utilizadores das redes comunitárias e sociais do tipo Web 2.0. Nós vivemos numa era de informação permanente e o beneficiário final das mudanças ao nível das interacções sociais é a sociedade em geral. Todavia, só recentemente é que as comunidades académicas passaram a reconhecer que a partilha de dados através das redes sociais é um benefício social que traz muitas vantagens para professores e alunos.

O Professor Ravi Sandhu (responsável do Instituto de CiberSegurança da Universidade do Texas) defende que a relutância em partilhar os dados pessoais evaporou-se rapidamente e compara a ausência de pudor dos “nativos da era digital” (tradução de digital natives, nome dado aos que cresceram cercados de tecnologias da informação) à revolução sexual na década de 60. “No início as pessoas tinham poucas inibições e adoptavam práticas muito arriscadas. Mais tarde, as pessoas aperceberam-se dos riscos e passaram a adoptar comportamentos mais seguros, pelo que no final verificou-se que a libertação sexual beneficiou a sociedade.”

No que concerne a partilha de dados através de sites das redes sociais, actualmente estamos a vivenciar uma fase de mudança do nosso estatuto de identidade. Da mesma forma, estabelecendo um paralelo com a revolução sexual, a alteração da nossa vida privada trará utilidade social, talvez quando as pessoas aprenderem a gerir a invasão à sua vida privada, ou será que estamos a assistir ao início do fim da vida privada?

Muitos especialistas em tecnologias defendem que num futuro a curto prazo, passa a ser tecnicamente impossível o direito o à vida privada. Quando há alguns anos atrás, me apercebi pela primeira vez ao entrar nos sites de marcação de hotéis, que conseguiam seguir o meu rasto de hotéis onde estive alojada ou hotéis que pesquisei informações, fiquei estupefacta e de certa forma alarmada com a eficácia de como a informação viaja na Internet…Por outro lado, se a livre circulação de dados e informação, bem como, o acesso directo a todos os nossos dados pelas autoridades policiais, permitir encontrar culpados de crimes graves, não será isto de grande utilidade social, mesmo que ponha em causa a nossa liberdade individual?

É indubitável que a nossa identidade digital coloca em causa a nossa noção de identidade. Tudo parece indicar que as pessoas sentem-se mais confortáveis em expor ou afirmar-se nas redes sociais do que o fariam na realidade, e também é um facto que as pessoas passam uma boa parte da sua vida social na Internet. Efectivamente, partilham-se muitos sentimentos, recordações, fotos, bons e maus momentos na Internet, a maioria das vezes com pouco interesse para a sociedade em geral. Muitos utilizadores da Internet despem com facilidade a sua máscara perante as redes sociais, sem pudor, esquecendo muitas vezes os perigos que isso poderá apresentar.

É importante frisar que se enchem-se páginas de sites com temas fúteis, estéreis e de consumo rápido. Atrevo-me a dizer, por exemplo, que algumas informações colocadas na Internet mais me parecem páginas de fast information, fazendo aqui uma analogia com o conceito pejorativo de fast food. Aliás, acrescento fast and very poor information. Não me identifico com a mentalidade do Velho do Restelo, mas desagrada-me a ideia com a facilidade com que se trocam opiniões e saberes com uma enorme ligeireza e sem receio de se cometerem erros crassos ou espalharem-se mitos com força social, porque da mesma forma que uma mentira repetida inúmeras vezes, torna-se realidade, também a falsa informação, tantas vezes escrita em blogs e-mails, se pode tornar conhecimento. Claro que a utilidade da Internet dependerá do uso que lhe dermos. É necessário ter um espírito crítico perante a avalanche de informação com que diariamente somos bombardeados. É também necessário estarmos atentos para não sermos veículos de contra-informação que muitas vezes chega a nós através da caixa de correio, e depois ajudamos a circular para os nossos colegas, amigos e familiares, numa cadeia que não tem fim. Quando estudei na Universidade do Porto, os meus recursos didácticos eram sobretudo físicos. Hoje em dia, as minhas pesquisas, não só no âmbito académico, como também ao nível profissional, baseiam-se sobretudo na informação disponibilizada na Internet. Não imagino como seria possível conciliar as exigências profissionais sem Internet! Naturalmente, sou muito selectiva e procuro informação em sites fidedignos.

Mas este fenómeno não será o espelho da nossa sociedade? Os programas televisivos como o Big Brother, inacreditavelmente, atingiram recordes de audiências, porque os concorrentes sentem necessidade de expor sua vida para ganhar contrapartidas económicas e sociais, enquanto os espectadores sentem curiosidade em “espiar” a vida dos outros, um segredo tão religiosamente guardado nos séculos passados. O fruto proibido é sempre tentador…Talvez quando no futuro as sociedade passar a encarar a vida privada como algo natural, os indivíduos deixarão de se preocupar com a protecção da sua identidade. Segundo a Antoinette Rouvroy (investigadora no Centro de Investigação Informática e de Direito da Universidade de Namur na Bélgica) é possível que o processo de emancipação, partilha e libertação dos nossos conhecimentos e competências, tal como assistimos na Internet, desenhe, de forma efectiva, as premissas de um “novo mundo”.

Artigos da autoria de Jean-March Manach (consultados a 12 de Outubro de 2011):

http://www.internetactu.net/2010/01/04/vie-privee-le-point-de-vue-des-petits-cons/

http://www.internetactu.net/2010/03/02/la-vie-privee-peut-tuer/

http://www.internetactu.net/2010/10/26/faites-le-vous-meme-mais-quoi-mais-tout/

http://www.internetactu.net/2010/06/03/prochaine-etape-hacker-la-societe-de-surveillance/

http://www.internetactu.net/2010/09/14/les-compteurs-intelligents-des-bombes-a-retardement/


domingo, 9 de outubro de 2011

Iniciação ao Twitter - primeiro vôo

Estive a ler os Guias do Twitter disponibilizados na uc AVA do Mestrado de Pedagogia e-Learning e, pela primeira vez, consegui perceber uma série de funcionalidades que nunca tinha entendido, nomeadamente, o facto de se poder partilhar e receber informação de uma forma simples e rápida entre vários utilizadores.

Já tinha utilizado o Twitter mas sem perceber as várias possibilidades que esta rede social permite criar, e com vantagens relativamente a outras, tais como, o Facebook.

Também fiquei a saber que pode funcionar como o Messenger ou o Gtalk.

Por exemplo não fazia ideia do que eram hashtags, o que é sem dúvida uma aplicação muito útil.

Passei a entender melhor o conceito de Followers e Following e a utilidade de criar Listas.

Tenho ainda dificuldades relativamente às ferramentas para gerir mensagens. O Paulo Simões refere o Hootsuite e o TweetDeck. Mark O'Neill fala do Twhirl e do Twitter Gadget for Gmail.


Tendo em conta os conselhos dados pelo Pedro Lopes, vou mudar a fotografia que coloquei no meu perfil do Twitter, pois tinha colocado a foto de um Avatar, contudo, é preferível personalizar o perfil com um foto real, de forma a ser mais fácil a identificação pelos outros utilizadores.

Por fim, nem tudo são vantagens e facilidades e é importante não nos perdermos com tanta informação (nem toda a informação é de qualidade) e arranjar seguidores, bem como, seguir os utilizadores que nos pareçam interessantes.

E toca a twittar e já agora...sigam-me :)